Há pouco, revendo alguns papéis, localizei o artigo abaixo que me parece bem atual. Foi publicado em quase todos os principais jornais do país, ontem (entre 1987 e 1996).
Achei interessante uma piadinha
sobre consultores: "Num determinado dia, o muro que separa o céu do
inferno apareceu todo pichado. São Pedro incomodado bateu na porta do inferno
procurando o Diabo. Os dois conversaram sobre a situação e que aquilo não podia
acontecer, etc Então, os dois marcaram um novo encontro na semana seguinte,
onde estariam acompanhados de consultores para o diagnóstico da pichação e
sugestões para resolver o problema. Na semana seguinte, o Diabo, conforme
combinado, estava no local exatamente as duas horas. E nada do São Pedro.
Passadas cinco horas, o Diabo e os seus assessores já estavam incomodados,
quando lá no horizonte aparecia o São Pedro vindo em sua direção, sozinho.
Quando se encontraram, o Diabo questionou: - São Pedro, você não ficou de vir
acompanhado de consultores para resolvermos a questão?; ele retrucou, meio
ofegante: - Sabe Diabo, passei a semana inteira procurando consultores no céu
para me auxiliar e não encontrei nenhum".
Piadas à parte, de vez em quando,
surgem temas que provocam entusiasmos e apreensões. Em muitas oportunidades já
fui perguntado sobre as novas qualidades dos profissionais modernos. Tornou-se
praxe em dizer que o profissional moderno tem de ser bom naquilo que faz, ter
um segundo idioma, usuário de informática e outras características. Hoje em
dia, fala-se muito sobre a necessidade do profissional ser generalista, tendo
de conhecer de tudo e sobre tudo. Bom, como atuo a doze anos como headhunter,
comecei a pensar sobre o assunto e sobre estas palavras que muitas vezes
comentei...
A perspectiva do generalista frente
ao especialista torna a coisa estranha, pois todo mundo fala no profissional
generalista e na hora de contratar os serviços de um, busca o especializado
numa determinada área (Ah! Isto ocorre no mundo). Sempre me pergunto se na hora
de examinar o coração, deverei contratar um Cardiologista ou um Clínico Geral?
Se na expectativa da existência de generalistas e especialistas, por que as
pessoas e as empresas, procuram terceiros com conhecimentos específicos? Quando
criança, até mesmo adolescente, meu Pai sempre dizia: "Faça uma coisa de
cada vez, para que faça bem feito..."
Mesmo não pleiteando um lugar no céu
ou mesmo não desejando ir para o inferno, na minha opinião, houve uma má
interpretação. Será que não confundiram a expressão generalista como sendo
aquele indivíduo que tem uma facilidade de acomodação e flexibilidade à novas
situações, envolvendo mais os aspectos comportamentais/atitudinais do que
conhecimentos? Prestei serviços a grandes empresas cuja carreira de seus
profissionais se realizam dentro da mesma área. Pois, naturalmente, são
respeitadas habilidades, aptidões e características pessoais. Por exemplo,
pegue um homem de vendas e coloque na Contabilidade e vice-versa. Vai dar certo?
Se der, pode estar ciente de que o homem de vendas não era de vendas e o outro
não era da Contabilidade. Pode estar certo de que na hora da escolha sobre
alguém, a opção será por aquele que conhece a sua praia.
Se o trocador do ônibus for
substituído pela catraca eletrônica e este não tiver habilidade para trabalhar
na linha de produção desta mesma catraca, lamentavelmente, será um excluído...
é a dura realidade. Pois só tenho notícias de um generalista que conhece,
aplica e age sobre tudo - Deus. Talvez, estejamos um pouquinho aquém desta
realidade. Portanto, gostaria de chamar a atenção dos profissionais e,
principalmente, dos pré-profissionais de que ao invés de buscar a generalidade,
trabalhe a especialidade com criatividade. Seja ímpar naquilo que faz e faça
com gosto! E, para finalizar, desculpem-me os generalistas, mas na hora que
tiver problemas com o coração, irei procurar o cardiologista mais
especializado!